quarta-feira, 26 de julho de 2017

A última hora. Realize e construa como se fosse a última hora. Mas o faça como se as suas realizações fossem ecoar no mundo depois da sua partida. Se assim não for, de que vale o empenho?!

Os homens e seus afazeres diários. O mesmo deslocamento. Os mesmos sorrisos, os mesmos cumprimentos, as mesmas indiferenças. Idas, voltas, deslocamentos pendulares sem fim. Somos esses bumerangues, sim, até o último dia. 

Por isso, edificar algo além do cotidiano é tão importante. Nos tira essa sensação esmagadora de correr na esteira, de não chegar a lugar algum. Esta é a grande virtude da Arte: retira o homem do trivial e o presenteia com o extraordinário.

Sentar durante, ao menos, uma hora, produzir o que quer que seja. Essa ideia me martela a cabeça. E ao mesmo tempo que me atrai, me causa medo. Atrai porque eu sei que somente assim me sentirei realmente completo; me causa medo porque eu tenho a sensação de que posso nunca conseguir escrever algo que me faça sentir completo.
Por outro lado, verifico: completos, somente os mortos. De modo que posso abandonar a ansiedade da completude e me conformar em escrever fragmentos impuros quaisquer. Dá pra pensar também que até os grandes um dia foram pequenos. Ou que é engatinhando que se começar a andar. 

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